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25 março, 2012

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Aposentando os crucifixos
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O Conselho da Magistratura do Rio Grande do Sul determinou na semana passada que todos os símbolos religiosos – no caso mais específico, os crucifixos – sejam retirados dos tribunais e prédios do judiciário do estado. Segundo o relator da matéria, desembargador Cláudio Baldino Maciel, “Resguardar o espaço público do Judiciário para o uso somente de símbolos oficiais do Estado é o único caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de um estado laico, devendo ser vedada a manutenção dos crucifixos e outros símbolos religiosos em ambientes públicos dos prédios”.
Prefiro ficar fora das discussões acaloradas de praxe que acabam pipocando (e esquentando) quando temas como esse surgem na blogosfera, mas manter apenas os símbolos oficiais da República me parece bastante apropriado sim, afinal o Estado é laico. Não tenho como saber com certeza, mas desconfio que o Jotacê esteja até um pouco mais aliviado agora, sabendo que não vai mais ter que presenciar alguns julgamentos onde são tomadas decisões bem pouco condizentes com o que ele andou pregando por aí. Não devia ser nada fácil. É que a justiça e a Justiça nem sempre andam do ladinho uma da outra, melhor mesmo deixar cada edifício com suas próprias ornamentações.
Mas não deixo de achar isso tudo bastante curioso. Talvez eu seja mesmo muito simplezinha das ideias, mas é interessante ver a importância que as pessoas às vezes dão aos símbolos. Por mim, tanto se me dá se um prédio do tribunal tem em suas paredes um crucifixo, uma estrela de Davi, a Crescente muçulmana, uma imagem de Iemanjá, Buda ou Ganesh, ou uma bandeira do Flamengo. Se me garantirem que as decisões dentro da corte vão ser tomadas seguindo direitinho o que reza (êpa!) a Constituição Federal, a decoração da sala francamente não me interessa muito. Eu sei, eu sei, faz todo sentido não favorecer nenhum grupo específico. Também sou a favor da remoção desses símbolos, pra deixar bem clara a laicidade do Estado (mesmo que essa mesma laicidade muitas vezes derrape feio nas decisões do Congresso e nas atitudes dos cidadãos, e isso possa ser bem menos visível do que um objeto na parede ou em cima da mesa, mas vá lá).
Quando passei pela França no verão de 1997, peguei parte da briga travada entre governo e muçulmanos envolvendo o uso do véu nas escolas públicas. Mesas-redondas em todos os canais de TV, entrevistas intermináveis com especialistas disso e daquilo, pesquisas de opinião nas ruas, aquele auê, no final eu já estava dando razão pro Chirac, vamos proibir tudo, já que todo mundo quer ter razão. As pessoas às vezes precisam das coisas desenhadas mesmo, pra ver se entendem. Não sei como a laicidade do Estado se materializa no dia-a-dia dos franceses, mas pelo menos na questão dos símbolos a coisa foi levada ao pé da letra.
Mas eu acho que bem mais sério e digno da atenção dos magistrados e de quem mora nesse patropi abençoado por Deus (ôpa!) e bonito por natureza é constatar que o Estado laico fica bem mais ameaçado quando, por exemplo, uma lei municipal em Ilhéus estabelece que deve-se rezar o Pai Nosso antes das aulas nas escolas públicas, quando algumas escolas chutam Darwin pra escanteio e começam a ensinar Criacionismo pelas aulas de Ciências, ou quando a bancada evangélica do Congresso Nacional acha por bem meter o nariz nas resoluções do Conselho de Psicologia. Perto disso, a existência ou não de um crucifixo num edifício público me parece uma questão um pouco menor. Mas, como eu disse, talvez eu é que seja mesmo um bocado simplezinha das ideias.
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FONTE
Publicado por Monica
http://cronicasurbanas.wordpress.com/
Obs.
Navegando pela net me deparei com esta crônica e achei o assunto muito interessante, apôs ler várias vezes cheguei a conclusão que ninguém tem razão sobre isto, que o melhor a ser feito é se ter um consenso e um entendimento de toda a sociedade com relação a este assunto. Que não houvesse uma defesa acirrada sobre pontos tão polêmicos, que não houvesse exageros das partes interessadas em defender seus pontos. Como nosso estado é tido como laico, não seria viável ter um símbolo de uma religião somente. Ou se colocam todos, ou nenhum. Embora na minha opinião, como sempre houve a presença de um crucifixo em todas as repartições publicas, qual o problema de se discutir tanto sobre este assunto? Por que os mandatários deste pais não fazem por merecer os seus ganhos (que são muitos) e colocam em pauta, tantas coisas importantes com relação ao bem estar da sociedade?
Marcelo Martins

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